O meu processo artístico com o giz é diferente das outras apropriações que faço. Desde o uso dos gizes até a aplicação nas telas, cada passo é uma jornada criativa.

Ao lixá-los, não apenas preparo o material, mas também moldo a textura e a consistência dele — e, consequentemente, da obra. A escolha de colá-los na tela ou em objetos tridimensionais depende de uma superfície mais plana, que permita uma aderência perfeita. Por isso, preciso estar atento aos detalhes, com certo compromisso com o “manual”, além do respeito ao próprio giz.

Esse cuidado não apenas aprimora a estética final, mas também adiciona camadas de significado e profundidade ao meu trabalho, convidando o observador a mergulhar em um mundo de texturas, formas e desenhos. O que faço com os gizes se assemelha à pintura.

Meu trabalho sempre foi voltar às origens. Ressignificar o que marcou minha geração.

Quando trabalhava em agência de propaganda, atuava na área de atendimento e novos negócios. Mas o que realmente enchia meus olhos era a criação. Eu observava encantado as campanhas que saíam da mente dos criativos.

Após 20 anos nesse mercado, descobri um livro de uma artista que fazia bailarinas em madeira. Ela tinha um hotel na serra catarinense e colhia gravetos para criar suas obras. Fui até lá com minha família — e voltei com duas esculturas de bonecos de graveto, em posturas do guerreiro do yoga. Saí de lá um novo Renato. Tive a certeza de que queria ser artista.

Comecei a coletar materiais e imagens nas ruas para criar objetos e experimentos. Até hoje, me desperta a vontade de garimpar novas ideias ao ver essas caçambas de descarte.

De lá para cá foram muitos cursos, estudos, experimentações, visitas a exposições e conexões com agentes das artes. Cada vez mais, fui me aprofundando na arte contemporânea.

Um dos cursos que fiz foi com Agnaldo Farias. Quando viu meu trabalho em giz, ele disse:
“Se aprofunde muito nisto, que aí tem muito a dizer.”

E aqui estamos — com muitas obras em giz, tanto em telas quanto em objetos. Isso tem tomado boa parte do meu tempo de pesquisa e produção.

Além do giz, também me debruço sobre os temas dos anos 1980, 1990 e 2000. Tenho como objetivo me apropriar da nostalgia, principalmente a brasileira, por meio da qual crio micro-narrativas e gatilhos para disparar sensações, emoções e reflexões no público.

Neste livro, procuramos apresentar um pouquinho de uma investigação que ainda está em processo.

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