Jean-Michel Basquiat: o gênio que veio das ruas

Jean-Michel Basquiat (1960–1988) foi um dos artistas mais intensos e revolucionários do século XX. Nascido no Brooklyn, Nova York, filho de pai haitiano e mãe porto-riquenha, Basquiat transformou sua vivência urbana, identidade afrodescendente e inquietação existencial em arte bruta, poética e explosiva.

Sua trajetória começou nas ruas de Manhattan, onde assinava com o pseudônimo SAMO (Same Old Shit) frases enigmáticas e críticas afiadas em muros e metrôs. Ainda adolescente, Basquiat já chamava atenção com sua presença magnética e sua capacidade de fundir poesia, grafite, anatomia, história da arte e cultura negra em um só gesto visual.

Em poucos anos, passou das ruas para os museus e galerias mais prestigiadas do mundo. Foi apadrinhado por nomes como Andy Warhol (com quem manteve uma amizade intensa e conturbada) e se tornou o primeiro artista negro a alcançar relevância global na cena da arte contemporânea.

Curiosidades sobre Basquiat:

  • Poliglota e autodidata, Basquiat lia obsessivamente e falava inglês, espanhol e francês. Muitas palavras e frases em suas obras vêm desses idiomas, criando camadas de significados e referências cruzadas.

  • Sua mãe o levava a museus desde criança. Aos 6 anos, ele já sabia desenhar com detalhes órgãos humanos — paixão iniciada quando ganhou o livro Gray’s Anatomy, após um acidente.

  • Em 1983, pintou o quadro Untitled que viria a ser vendido, décadas depois, por US$ 110,5 milhões, um dos preços mais altos da história da arte para um artista americano.

  • Apesar da fama meteórica, Basquiat lutava com racismo estrutural, pressão da mídia e vício em drogas. Morreu tragicamente aos 27 anos, vítima de uma overdose de heroína — entrando para o famoso "clube dos 27", ao lado de Jimi Hendrix, Janis Joplin e Kurt Cobain.

  • Seu estilo é marcado por coroas, caveiras, palavras riscadas, figuras infantis e símbolos africanos, em composições caóticas e carregadas de energia crua.


Basquiat continua sendo símbolo de resistência, liberdade criativa e denúncia social. Sua obra ecoa até hoje nas ruas, nas galerias, na moda e na cultura pop — mostrando que arte também é urgência, corpo e grito.